quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O silêncio gritou!

A garganta já não se sustenta o suficiente, prende o ar e contigo os verbos, os substantivos, os pronomes e todas as demais classes gramaticais, contendo ainda as regras e o coloquial. Está difícil, o meio parece dificultar, e o tempo, este tem sido aliado das imposições, da falta de inspiração.

Com essa angústia, resolvi dizer a uns amigos o que se passava. Uns disseram para eu ler mais, outra, me disse para tentar escrever sobre não conseguir escrever. De primeira achei interessante e aceitei o desafio, mas nada, o vazio estava gritando forte, como se estivesse sentindo dor, na alma. O grito estourava os ouvidos e fazia feridas na consciência. Então, covardemente desisti. Não conseguia continuar tentando com aquele branco finito posto diante de mim.

Um tempo passou, fui me conformando de que as coisas teriam mudado, na verdade torcia para aquele silêncio desaparesesse logo ou pelo menos a tempo de. Prosseguiu-se assim, até que o lado virginiana resolveu gritar mais forte, e seu grito não era nada assustador ou indesejável. Enquanto a dedicação concedia a presença da gramática, a própria trazia contigo as tintas para que tingíssemos e enfeitássemos o branco nunca antes desejado.

E dessa forma, com ajuda dos mais puros, verdadeiros e preciosos elementos da vida, consegui moldar a ideia e lapidar a imaginação. Enfim, em um tom de alivio por quem se sentia sufocado, escrevi. Estou escrevendo!

Um vez, quando as pernas não sustentavam mais o corpo, e restava apenas a alma, alguém especial me ouvia com cuidado e com palavras escolhidas me disse: ''(...)use essa bravura para encarar também os momentos difíceis. É necessário encarar os fatos de cabeça em pé e seguir feliz, de coração aberto.(...) tudo vem em prol do seu crescimento''. Não sei se o branco se foi por inteiro, não sei se voltará, mas da próxima, já sei como recobri-lo. Aceitei a vinda do vazio, o recebi como necessário ao meu crescimento. Mas sem duvidas, não o aceitaria de volta, é prepotente e manipulador.

Estou feliz. Eu sou feliz.

Quem tem amigos, tem tudo.